O Deus não editado (Malaquias, pt.5)

Eis que vos reprovarei a descendência, atirarei excremento ao vosso rosto, excremento dos vossos sacrifícios, e para junto deste sereis levados.
Malaquias 2.3

Convenhamos: muito do mundo atual são arestas suavizadas e cantos arredondados. A experiência na sociedade ocidental parece demonstrar uma dificuldade cada vez maior com declarações firmes e posicionamentos fortes; com doutrinas rígidas e linhas claras dividindo o acerto e o erro.

Nesse mundo suavizado, de expressões politicamente corretas, de sentimentos frágeis e o risco de “traumatizar” ou manifestar “violência”, é muito difícil compreender um Deus que atira excremento na face de sacerdotes, líderes do povo. Por que Ele faria isso?

Inicialmente, eu e você deveríamos lembrar, como nos falam os moradores de Nárnia, que “[Aslam] não é um leão domesticado” (O leão, a feiticeira e o guarda-roupas, loc.3076). Deus não foi forjado no século 20, com as nossas preocupações politicamente corretas. Ele não é domesticado, Ele é Deus! Nossas convenções culturais não podem limitá-Lo e nossas expectativas socialmente condicionadas não podem enquadrá-Lo. Ele é sempre mais do que imaginamos, e as Suas ações julgam as nossas expectativas, não o inverso.

Dito isto, ainda é possível questionar: por que Deus faria algo assim com os sacerdotes?

Você deve lembrar do contexto: o povo decidiu adorar a Deus da sua maneira — da pior maneira. Ofereceu ao Senhor suas piores ofertas — animais doentes e manchados — em uma demonstração profunda de desprezo pela Lei do Senhor e, consequentemente, pelo próprio Senhor. Os sacerdotes não agiram de modo diferente: em vez de rejeitar tais ofertas e corrigir o povo, atuaram com desleixo, realizando sacrifícios blasfemos ao Altíssimo. Com seus gestos, os sacerdotes zombavam de Deus, fazendo algo pior do que lançar excremento ao Senhor. Ao realizar sacrifícios impuros, os sacerdotes ofendiam a Santidade de Deus, e ridicularizavam aquilo para o qual tais sacrifícios apontavam: a obra completa do Senhor Jesus.

Para piorar, agora no ínicio do capítulo 2, Deus demonstra que os sacerdotes também falhavam em outro aspecto: o ensino da lei. O Senhor faz uma distinção entre esses sacerdotes blasfemos e a aliança com Levi. Este tinha “verdadeira instrução” nos lábios; justiça em suas palavras; comunhão com o Senhor e trabalhava pastoralmente (v.6).

O contraste é gritante. Os sacerdotes quebravam a aliança com o Senhor, zombando do próprio Deus, e providenciando confusão e destruição para o povo do Senhor. Os falsos líderes, pelo uso de seu poder, têm grande capacidade destrutiva nas mãos.

Deus não permitirá que a Sua glória seja zombada, e que o Seu povo seja destruído. Ele mesmo exercerá a disciplina corretiva, que envolverá a vergonha como instrumento para quebrar a arrogância. Aqui se nota que mesmo a ação corretiva do Senhor vem acompanhada do amor que busca a Sua glória e o bem do Seu povo.

Deus não se deixará zombar por falsos mestres. Ele ama demais os Seus filhos para que isso aconteça.