Hoje li o relato sofrido de uma moça que assumia a sua vulnerabilidade, enquanto derramava o seu coração pesado por meio das letras.
O texto, que para alguns soaria vergonhoso, era uma mistura de confissão e desabafo; um clamor e um desafio. A vergonha poderia se apresentar na confissão do uso de remédios para ansiedade e no curso acadêmico inacabado por não saber lidar com a pressão. Ironicamente, onde repousaria a vergonha, revelou-se a coragem. O gesto de escrever tão honestamente a respeito da própria condição foi incrivelmente corajoso.
Há muito o que dizer à autora do desabafo. Por ora, um tópico basta: it’s ok not to be ok.
Foi o Nando Reis, em uma de suas canções, que registrou o conflito de um relacionamento, seguido de reflexão e perdão. Com a restauração e o conhecimento dos fracassos pessoais, diz o cantor, eles “estavam livres da perfeição, que só fazia estragos”.
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Está bem não estar bem, porque a perfeição presente não existe. Sentimos vergonha por nossas falhas, porque idolatramos o sucesso e a imagem de controle total.
Está bem não estar bem, porque no reconhecimento de nossa fragilidade respousa a humildade e o quebrantamento.
Está bem não estar bem, porque é diante dos vislumbres de imperfeição que somos direcionados para fora de nós. Precisamos de ajuda externa.
Aqui, afinal, está mais uma resposta à moça em luta com a depressão. Na conclusão de seu texto existe um apelo à esperança: “fique firme”, ela diz. Mas a alma cansada não conseguirá extrair força eterna de dentro de si. É necessário uma fonte inesgotável de força, ou, em outras palavras, de graça.
Jesus diz que não veio para os sãos, mas para os doentes. Está bem não estar bem, é o que nos diz o Redentor. E diz isso porque é Ele mesmo quem providenciará graça para os fracos, até que possam se alegrar com a sua fraqueza — “quando estou fraco é que estou forte” (2 Coríntios 12.10).
10 Mais tarde, na casa de Mateus, Jesus e seus discípulos estavam à mesa, acompanhados de um grande número de cobradores de impostos e pecadores.
11 Quando os fariseus viram isso, perguntaram aos discípulos: “Por que o seu mestre come com cobradores de impostos e pecadores?”.
12 Jesus ouviu o que disseram e respondeu: “As pessoas saudáveis não precisam de médico, mas sim os doentes”.
13 E acrescentou: “Agora vão e aprendam o significado desta passagem das Escrituras: ‘Quero que demonstrem misericórdia, e não que ofereçam sacrifícios’. Pois não vim para chamar os justos, mas sim os pecadores”.(Mateus 9.10–13, NVT)
A resposta não é odiar a perfeição, mas entender que a plenitude virá em um tempo preparado pelo próprio Deus. Enquanto isso, it’s ok not to be ok.