Multiplicação, maná e o nosso desejo de garantias

“Eles lhe disseram: “Tudo o que temos aqui são cinco pães e dois peixes”. “Tragam-nos aqui para mim”, disse ele. E ordenou que a multidão se assentasse na grama. Tomando os cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, deu graças e partiu os pães. Em seguida, deu-os aos discípulos, e estes à multidão.”

Mateus 14:17–19

“Os seus discípulos responderam: “Onde poderíamos encontrar, neste lugar deserto, pão suficiente para alimentar tanta gente?” “Quantos pães vocês têm?”, perguntou Jesus.

“Sete”, responderam eles, “e alguns peixinhos.” Ele ordenou à multidão que se assentasse no chão. Depois de tomar os sete pães e os peixes e dar graças, partiu-os e os entregou aos discípulos, e os discípulos à multidão. Todos comeram até se fartar. E ajuntaram sete cestos cheios de pedaços que sobraram.”

Mateus 15:33–37

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Os relatos de multiplicação de pães e peixes ressaltam a natureza divina de Jesus e o Seu poder para realizar milagres. Isso trabalhava em conjunto com o ministério de proclamação, conferindo legitimidade e chamando atenção para a mensagem que Jesus proclamava.

Mas algo me intriga nesses relatos. Trata-se da maneira como Jesus decidiu realizar tais milagres. Para pessoas famintas e ansiosas, nada melhor do que a “garantia” de que teriam a provisão. “Melhor” seria, segundo tal inclinação, que Jesus primeiro multiplicasse, apresentando o grande banquete ao povo, e então convidando-o a participar. Diante da fartura os corações ficariam tranquilos, sem medo de faltar, e teriam uma refeição pacífica.

Mas Jesus não liga para as nossas conveniências, porque deseja tratar o nosso coração. A maneira de realizar o milagre foi a mais improvável possível: um pedacinho de pão de cada vez. Nada de mesa farta, nada de antecipação, nada de confiança baseada em visão: apenas a fé na palavra do Messias, e os pequenos pedaços não apenas alimentariam a multidão, como sobrariam abundantemente.

Se você é como eu, esse método lhe parece incômodo. Nós amamos a segurança prévia. Queremos ter o “certo” e “morremos de medo” de fazer qualquer coisa sem alguma garantia. Mas Jesus nos convida a tê-Lo como nossa garantia. A confiança em Sua Palavra nos basta. A provisão de graça nunca faltará, e ficaremos satisfeitos, um pedaço de pão de cada vez.

Essa é a espiritualidade vivida de momento a momento. O maná desce na quantidade necessária para o dia. Descansemos, pois.