Injustiça e incredulidade (Malaquias, pt.7)

Vocês têm cansado o SENHOR com as suas palavras.

“Como o temos cansado?”, vocês ainda perguntam. Quando dizem: “Todos os que fazem o mal são bons aos olhos do SENHOR, e ele se agrada deles” e também quando perguntam: “Onde está o Deus da justiça?”

Malaquias 2:17

A injustiça parecia fazer parte do ambiente de Judá pós-exílio. Dominados por um povo pagão, cercados de povos inimigos, e sem o vigor da vida com Deus, testemunhavam o florescimento da injustiça.

Em um sentido, após a Queda, todos temos de lidar com a injustiça. Ela atinge todos os povos e continentes, todas as classes sociais e cores, todas as profissões e cargos. A injustiça faz parte da vida.

Mas o coração que deixou de esperar em Deus reage à presença do mal no mundo entregando-se a ele. O povo de Judá estava cansando ao Senhor com suas palavras perversas. Pensar em palavras que “cansam” ao Senhor é algo surpreendente. O Deus todo-misericordioso e paciente expressa incômodo diante da atitude negativa de Seu povo. Mas o que eram tais palavras cansativas?

Desanimados por causa da injustiça, os judeus passaram a usar a reclamação para atacar o próprio Deus. Sua demonstração de cinismo e incredulidade resultava em expressões de juízo contra o caráter do Senhor: “Todos os que fazem o mal são bons aos olhos do Senhor”; “Onde está o Deus da justiça?”

Aquele que tem fome e sede de justiça pode se perguntar onde está o Deus da justiça de maneira legítima, suplicando por Sua manifestação. Ele leva o Seu desejo ao Senhor, e nEle espera. Mas a postura do povo era radicalmente diferente: em vez de buscar ao Senhor, passara a atacá-lo, acusando-O de omisso e, incrivelmente, de pervertido moralmente. Não é difícil notar por que tais palavras incomodavam ao Senhor.

Mas o que tais palavras têm a ver com a nossa realidade? Afinal de contas, talvez nenhum de nós tenha usado expressões tão duras assim, certo? Errado.

Eu e você não abrimos a boca para chamar Deus de moralmente pervertido, mas fazemos isso de outras maneiras. A incredulidade, em nosso caso, manifesta-se de maneira mais sofisticada.

Nosso contexto político é cheio de expressões de injustiça. E como respondemos? Em vez de levarmos nossa fome e sede de justiça ao Senhor, agimos de maneira ressentida e respondemos à realidade de maneira cínica: “O Brasil não tem jeito”; “Sempre vai ser assim”; “Só se dá bem quem é malandro”; etc., etc. Cada declaração dessa, brotando de um coração incrédulo, é um ataque ao justo Deus. Afirmações cínicas sobre a realidade não são frases sem destinatário; antes, são o estender de mãos desafiadoras contra o Criador da realidade.

Deus responde ao povo, mas não da maneira esperada. Veremos no próximo texto.